Passa correndo o João,p'ra não perder o trem.De marmita na mão,sempre correndo ele vem.Arroz, ovo e feijão,a marmita dele tem.Bife, peixe e galinha não,pois dinheiro só no mês que vem.Ao chegar na construção, no andaime ele sobe.De ferramenta na mão, pois trabalhar é a vida do pobre.Na hora da saída,no meio da multidão.Logo todos de partida, lá vai João de roldão.Na Central do Brasil,p'ra pegar o marmitão,só correndo a mil.E apertado vai João...Em casa no portão, ao abrir a fechadura,dá de cara com o ladrão,que lhe rouba até a dentadura.Ao pensar na situação,sabe ele que de agora em diante,a vida segue na contramão,pois já não é mais um retirante.Escrito em 02.10.81

Águas claras e transparentes,perfumes de flores e brisa suave.Vida transbordando em liberdade,que voa no céu azul,nada nas profundezas ou move-se no meio do verde intensode vegetais exuberantes.As belas ilhas do Caribeou do Pcífico,Martinica, Taiti ou Hawai.Beleza, Vida e Liberdade.Desloco-me, afasto-medesta bolinha azul e verde.Enmcontro-me no negro vácuo sideral espaço universal.Embora não haja côr,som ar ou companhiapalpável e sensível,continuam a existirVida, Beleza e Liberdade.Sinto palpitar a minha volta suas emanações cósmicas. Amplio minha percepção,torno-me sentidos puros.Sinto o crepitar de milhões de sóis,a inundar-me com sua energia.Movimento-me no tempo, em sua corrente.Percorro os corredores do passado.Escuto... Uma ode à Vida, à Beleza e à Liberdade.O desenrolar da existênciade povos e raças. Seu nascimento, suas vida e...o fim de sua caminhada.Volto à Terra !Earth, Wind and Sea,Pueblo de Las Palomas,Persona grata,Oui, Mademoisele,Arigatô, mëin Göth !Kiev, Bagdá ou Salvador. Mundo de retalhos,retalhos unidos.Earth, the green world.Home sweet home.The world of a dream. Sayonará !Retorno, entrego-me ao silêncio.Sinto a beleza da solidão.Vejo um mundo, nuvens e mares.Quase ouço uma voz a me dizer:-- Já era tempo de voltares !Novos e vibrantes sons,sons de tempestades e trovões.Estou frio de paixões.Mas novamente me aqueço, sinto-me afogueado pela juventude.Eu nunca te esqueci, Earth sweet earth....Das dezenas de mundos que pisei,eu te quero,a ti voltei. Tu és pó e ao pó voltarás,pó ao pó darás.Eu sou teu !Pertenço as verdes colinas da Terra !Escrito em 28.01.82


Homem,me escute.Eu sou a voz do universo infinito e belo.Olhe para as estrelas,veja a estrada distante,que numa estrela iniciae no negro nada continua.Enxergas a nua criatura ?Não tem nada além de suas mãos nuas.Olhe, encontrou o princípio do caminho.Homem, penetre na essência da criatura, veja através de seus olhos,descubra o prazer e o mistério do novo.Desfrute o bem-estar do calor de uma fogueira,Veja o fogo liquido deslizando entre asrochas.Sinta o metal fervente em ebulição,observe a dureza destre estranho elemento que logo encanta sua mente.O tempo segue seu caminho inexorávele os milênios se transformam em passado.Uma civilização surgiu e prosperou diante de seus olhos.Você a viu crescer e desenvolver-secontinuamente.Sigamos mais depressa,vejamos o que virá a seguir.Note as altas torres prateadas,escute o som de trovão.Pense nas setas fulgurantes,rasgando a imensidão.Lançando a vida !Colonizando.Continuemos...Observe a beira da estrada,os escombros antigos.Ruínas do passado,frutos de erros do conhecimento...Voltemos,um pouco antes do fim.Pressinta, sinta.O desastre,o caos.A criatura caída.Não repita,evite,tome outro daminho.A amplidão é sua.Siga o seu caminho.Siga,Homem.